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Contribuições do jogo “Sapo Xulé S.O.S. Lagoa Poluída” na educação

“O sapo não lava o pé, não lava porque não quer, ele mora lá na lagoa não lava o pé porque não quer [...]”.


Inspirado na canção infantil, o game intitulado Sapo Xulé S.O.S Lagoa Poluída” chega ao Brasil em 1995 através da Tectoy como parte integrante de uma trilogia em que reunia O Mestre do Kung Fu e Os Invasores do Brejo. O jogo é considerado uma reformulação de um outro game chamado Astro Warrior, que foi desenvolvido e publicado também pela Sega para o Master System. 


Confira abaixo o enredo do game, destacado no verso da sua capa:

Três gananciosos cientistas uniram-se num projeto ambicioso: construir um complexo secreto de usinas submarinas processadoras de lixo que poderiam gerar energia barata, porém com grande prejuízo para a natureza. Resolveram instalar as usinas no brejo e, a bordo de três submarinos ultramodemos, colocaram o projeto em andamento. 


Em pouco tempo, o fundo da lagoa já estava repleta de lixo: eram pneus, garrafas, latas, tambores, botas e mais uma infinidade de outros detritos utilizados como matéria-prima pelas usinas. A vida dos animais da região já estava ameaçada!


 Os seres do brejo, desesperados, foram consultar o velho sábio Cágado Adão que, sem demora, encontrou uma forma de eliminar o lixo do fundo da lagoa, destruir as usinas e ainda expulsar os invasores: construiu uma poderosa nave submarina munida com uma metralhadora laser e duas armas com grande poder de fogo, que funcionavam sincronizadas com o movimento da nave.


 O sapo Xulé foi escolhido para realizar a missão e, pilotando o submarino especial, partiu rumo ao fundo da lagoa onde estavam instaladas as usinas. 


Pelo radar, os cientistas detectaram o perigo e imediatamente refugiaram-se em seus poderosos submarinos. Utilizando-se do lixo submerso, os bandidos construíram armas terríveis para enfrentar o Sapo Xulé. 


Eram garrafas-torpedos, pneus-bombas, naves parafusos, cascas de bananas giratórias e muitas outras engenhocas letais comandadas à distância e que deveriam proteger as usinas, os submarinos e ainda destruir o Sapo Xulé. 


Numa guerra submarina com forças tão equilibradas, a vitória só poderá pertencer ao mais inteligente e hábil dos guerreiros.


Entre tantos personagens fantásticos e épicos que conhecemos, você pode estar se perguntando: por que eleger um sapo como encarregado da missão de salvar uma lagoa que se encontra poluída? O que ele tem de especial para lutar contra os invasores do brejo? Certamente, você deve imaginar que os sapos vivem em lagoas ou brejos juntamente com outros animais e em interação com todo esse ambiente, ou seja, num ecossistema. Mas se esse ambiente se torna poluído por ações antrópicas, ou seja, pela intervenção negativa do homem, o que pode acontecer com os seres vivos que habitam esses ecossistemas? As condições para haver vida num ambiente aquático, onde muitos animais habitam, vai muito além do que se pode imaginar. Entendendo o papel de cada ser vivo na natureza, poderemos também pesar nossas atitudes e pensar duas vezes sobre o destino do lixo que produzimos e como ele afeta o fluxo natural dos nossos ecossistemas. E, então, você sabe para onde o lixo da sua cidade está indo? Você tem consciência do impacto que o mau descarte pode provocar para a vida dos seres vivos em geral?



Como você pode observar na história do jogo, o Sapo Xulé, comandado pelo jogador, precisa navegar dentro de uma lagoa poluída com o auxílio de um submarino e deter os cientistas maldosos que estão poluindo o lago. Ué, mas os cientistas não são pessoas boas que inventam novos aparatos que beneficiam a humanidade? Nem sempre esse é o papel do cientista, nem tudo que a ciência produz vai interferir positivamente na nossa vida. Por isso, é importante que estejamos atentos ao impacto que a ciência tem no nosso cotidiano. Produzir energia barata através do nosso próprio lixo nos parece algo muito bom, não é?  Mas a partir do momento que essa produção torna-se um prejuízo para o meio ambiente através da poluição, a história muda de rumo e nos exige um posicionamento crítico frente à problemática.


O jogo, dentro do seu enredo, agrega vários conceitos científicos que podem ser transportados para o contexto do ensino de ciências, podendo até mesmo ser trabalhado sob uma ótica interdisciplinar a partir de contextos locais, regionais, nacionais e até mesmo globais. O sapo Xulé como um anfíbio e personagem principal do jogo, já evidencia a importância dos animais dentro dos ecossistemas aquáticos, em seus habitats e nichos ecológicos. No game, o Sapo Xulé também se mostra como um herói destemido que luta contra um problema que a própria humanidade cria todos os dias: a Poluição. Por meio dela, é possível traçar as inúmeras consequências ambientais no e sobre o planeta, o que nos leva a uma discussão crítica e reflexiva quanto ao consumismo desenfreado e obsoleto das pessoas cada vez mais presente nos hábitos atuais.


Ao analisarmos as contribuições relevantes dentro do game, como os aspectos científicos, outros também podem ser destacados como estímulo à educação. O design instrucional, por exemplo, pode ser considerado um ponto positivo e importante dentro do ensino de ciências. O game também possui jogabilidade, em que o usuário vai progredindo à medida que cumpre os objetivos e, assim, o nível de dificuldade se eleva. Todos esses elementos acabam por impulsionar a imersão do jogador, fazendo com que seja estimulado em si o raciocínio lógico, a interação e outros aspectos cognitivos.


Além disso, em nossa análise podemos classificar o game como serious games (jogos sérios), em que os jogadores são inseridos dentro de um cenário lúdico (jogo digital) em que é simulado um contexto real (Poluição, destruição de habitats dos animais, crescimento econômicos versus prejuízos ambientais, desenvolvimento sustentável, falta de conscientização, etc.).






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